2008/04/21

A Verdade dos Biocombustíveis

Estamos em 2008 e a União Europeia acaba de divulgar as metas que temos que alcançar até 2020 relativamente aos combustíveis, 10% do combustível utilizado tem de ser biológico.
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Antes que todos comecemos a festejar por se estar a avançar com um substituto ao petróleo, reduzindo a nossa dependência em relação aos combustíveis fosseis, temos de pensar na factura que implica uma mudança destas.
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Vejamos, para se atingir a meta de 10% de biocombustíveis imposta pela União Europeia é necessário cultivar 20 a 30 milhões de hectares de terras.
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Para se libertar esta quantidade de terreno existem duas hipóteses:A primeira é retirar estas terras aos espaços agrícolas, reduzindo a nossa capacidade de produzir alimento aumentando assim os preços da comida à escala global.A segunda possibilidade é roubar aos territórios virgens existentes, aumentando a desflorestação e reduzindo drasticamente a capacidade que o planeta tem para lidar com o dióxido de carbono e com o aquecimento global.
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Para além dos possíveis impactos negativos enunciados nos parágrafos anteriores, será necessário criar uma estrutura industrial que processe e comercialize este produto, com refinarias e sistemas de transporte, sendo que estes são fontes emissoras de CO2. Assim como o próprio combustível, que continua a ser queimado e portanto mantém ou a aumenta as emissões de gases de estufa.
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Embora tenha apresentado o panorama como negro não podemos ignorar o lado positivo. Se conseguirmos substituir o velho motor de explosão por motores eléctricos não poluentes, então esta opção faz todo o sentido, pois possibilita que os sectores que tenham mais dificuldades ou não se consigam adaptar a energias verdadeiramente verdes possam continuar a funcionar sem estarem dependentes de uma energia que facilmente se esgotará, o petróleo.
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De uma forma geral tenho de concordar com a meta dos 10%, mas penso que temos de ter cuidado. Os 10% fazem sentido se os outros 90 forem substituídos por energias verdadeiramente verdes.Chegou a altura de pensar mais na nossa subsistência futura do que nos nossos bolsos cheios, mas como estamos a falar de uma área muito sensível da nossa organização social, temos de ter muito cuidado com as decisões que tomamos.
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Mário A. B. Gonçalves

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